O escritor mineiro Waldomiro
Freitas Autran Dourado, conhecido como Autran Dourado, ganhador dos principais
prêmios de literatura da língua portuguesa, morreu na manhã deste domingo
(30/9), aos 86 anos, em sua casa, no bairro de Botafogo, zona sul do Rio de
Janeiro. Formado em Direito, trabalhou como taquígrafo e jornalista, profissão
que o levou ao cargo de secretário de Imprensa do ex-presidente da República
Juscelino Kubitschek, de 1958
a 1961.
Natural de Patos de Minas,
Waldomiro Freitas Autran Dourado escreveu seu primeiro livro, "Teia",
em 1947, e depois publicou mais 16 obras, como "Uma vida em segredo"
(1964), "Ópera dos mortos" (1967) e "Confissões de Narciso"
(1997). Entre seus trabalhos literários, destaques para "O Risco do
Bordado", de 1970, ganhador do prêmio Pen Club do Brasil, e "As
Imaginações Pecaminosas", vencedor do Prêmio Goethe de Literatura do
Brasil, em 1981, e do Prêmio Jabuti, em 1982.
O escritor recebeu, pelo conjunto
de sua obra, em uma iniciativa conjunta dos governos do Brasil e de Portugal, o
Prêmio Camões em 2000, considerado um dos mais importantes reconhecimentos da
literatura em língua portuguesa. Em 2008, Dourado ganhou o maior prêmio
literário no Brasil, o troféu Machado de Assis, concedido pela Academia
Brasileira de Letras.
A presidenta da ABL, Ana Maria
Machado, ressaltou a admiração que sempre teve pela obra de Autran Dourado, que
considerava um escritor completo. Ela lembrou que, em suas histórias, o autor
sempre esteve ligado à cultura de Minas Gerais. "A obra dele encarnou
muito a memória de Minas, a interiorização mineira, a intimidade, a presença da
família. Ele tinha uma tremenda consciência de seu ofício, uma clareza sobre o
que era escrever. O 'Risco do Bordado' é um livro de quem conhece tudo. Autran
Dourado era muito profissional."
Autran Dourado foi sepultado na
tarde deste domingo no Cemitério São João Batista.